Megaoperação terminou com 12 detidos, entre eles um líder do PCC e dois PMs
A TRIBUNA ON-LINE
Atualizado em 29/06/2016 - 10:35
Apenas um dos acusados de envolvimento com o crime organizado em Cubatão, e que teve a prisão temporária decretada pela Justiça, não foi localizado na megaoperação, batizada de Cavalo de Aço, realizada na manhã de terça-feira (28), na Baixada Santista. Por não ter sido encontrado, ele agora ostenta a condição de foragido. Em compensação, uma pessoa que não constava da relação de procurados foi capturada em flagrante por porte ilegal de munição.
Essa pessoa é Marília Santos de Carvalho, de 31 anos. Mulher do soldado Marcos Oliveira de Carvalho, de 35 anos, ela foi presa em casa, em Praia Grande, porque escondia sob a calcinha um cartucho intacto de pistola calibre .40 e uma cápsula de cocaína de 2 gramas.
Autuada pela posse ilegal de munição de uso restrito, Marília foi removida à cadeia feminina anexa ao 2º DP de São Vicente. O soldado Carvalho, que atua no Policiamento Rodoviário, já trabalhou na 4ª Companhia do 21º BPM/I (Cubatão) e foi preso na residência do pai, em Guarujá.
Além do casal, outras dez pessoas foram presas na operação. Entre elas estão Wilson Gonçalves Moreira, o Pelé, de 54 anos, apontado como torre (liderança) no Primeiro Comando da Capital (PCC) na região, e responsável pela venda de entorpecentes, e sua irmã, Elisabete Gonçalves Moreira, a Bete Rosa, de 50.
Presidente do diretório cubatense do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Bete Rosa é a mulher de Fábio Alves Moreira, o Fábio Roxinho, vereador do município pela mesma sigla. Ela possui um restaurante no lugar onde as investigações contra o grupo criminoso tiveram início há cerca de um ano e meio.
Na residência do casal, localizada na Rua Manoel Florêncio da Silva, no Jardim Nova República, nada de ilícito foi encontrado, mas Bete foi presa devido à ordem de captura.
O político afirmou confiar na Justiça e refutou qualquer envolvimento da mulher em crimes. Em relação a Pelé, seu cunhado, disse saber que ele já foi preso por tráfico de drogas e roubo, mas negou eventual outro vínculo, além do familiar.
Monitoramento
Informações de que os soldados Marcos Oliveira de Carvalho e Rodrigo Santiago Lima Pereira, de 29, davam proteção a traficantes de drogas e deles recebiam dinheiro em contrapartida começaram a ser apuradas pela Corregedoria da Polícia Militar no final de 2014.
No início deste ano, as investigações ganharam o reforço do núcleo santista do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), e avançaram, identificando Pelé como o cabeça do esquema e outras pessoas que agiam sob o seu comando.
Por diversas oportunidades, Corregedoria da PM e Gaeco protelaram prisões em flagrante de pessoas que se dirigiram a pontos de tráfico para recolher o faturamento da venda de drogas, porque o objetivo era justamente aprofundar as investigações e chegar ao maior número de envolvidos possível.
Graças a essa “ação controlada”, conforme justificou um dos responsáveis pela força-tarefa, fotografias dos acusados em situações comprometedoras foram tiradas. “As provas foram robustecidas e levantamos mais pessoas ligadas à organização criminosa”.
Confira a relação completa de presos:
1. Wilson Gonçalves Moreira, Pelé, 54 anos (líder do bando)
2. Elisabete Gonçalves Moreira, 50 anos (irmã de Pelé)
3. Marcos Oliveira de Carvalho, 35 anos (soldado da PM)
4. Rodrigo Santiago Lima Pereira, 29 anos (soldado da PM)
5. Marília Santos de Carvalho, 31 anos (mulher do soldado Carvalho)*
6. Gustavo dos Santos Gonçalves, o Gugu, 18 anos
7. Veruska Raquela Franco Provazi, 33 anos
8. Wagner Dias Costa Júnior, 26 anos
9. Renato Ferreira da Silva, 44 anos
10. Felipe Cézar de Carvalho (idade não divulgada)
11. Paulino Lima Ferreira, Da Jaca, 48 anos
12. Letícia Trindade da Silva, 29 anos (mulher de Paulino)
* Única acusada que não teve prisão temporária decretada pela Justiça