Atraso de salários chega a uma semana no Hospital Irmã Dulce

14/06/2018 - 10:19 - Atualizado em 14/06/2018 - 10:19
fonte: A Tribuna

Funcionários do Complexo Hospitalar Irmã Dulce, em Praia Grande, continuam sem receber os salários do mês. O atraso chega a uma semana, em razão de ilegalidades na parceria entre a Prefeitura e a Fundação do ABC apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Na semana passada, a 1ª Câmara do TCE julgou irregulares a dispensa de licitação e o contrato de gestão assinado com a organização social (OS) em 2013 e a prestação de contas daquele ano.

Entre outras sanções, inclusive multa ao prefeito Alberto Mourão, o órgão mandou o Executivo suspender os repasses de grana à Fundação do ABC. Como consequência, a entidade alega ter ficado sem dinheiro para pagar os trabalhadores.

Ao se pronunciar na semana passada, a instituição disse que a situação seria resolvida “em breve”, mas a demora para pagamento tem preocupado os funcionários.

Eles deveriam ter recebido salários e benefícios como vale-refeição e vale-transporte no último dia 6.

“O pessoal está trabalhando, mas insatisfeito”, conta um enfermeiro que conversou com A Tribuna On-line sob a condição de anonimato. “Minha situação está péssima. Eu tô pagando meu carro e o financiamento da casa. Vou tentar pegar empréstimo”.

Outro trabalhador, que também não quer ter o nome revelado, diz que o clima no Complexo Hospitalar Irmã Dulce é tenso. “A diretoria está intimidando para que a gente não comente o assunto. Os funcionários que faltarem serão advertidos, suspensos e, se couber, desligados por justa causa. O pessoal tem medo de paralisação”.

O imbróglio também passará a ter desdobramentos políticos, pois, após a revelação do bloqueio imposto pelo TCE, a Câmara de Praia Grande abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CEI) para investigar o convênio da Prefeitura com a Fundação do ABC.

O pedido de apuração partiu da vereadora Janaina Ballaris (PT) e contou com apoio de todos os membros do Legislativo - inclusive dos aliados de Mourão.

Procurada desde ontem cedo, a Fundação do ABC não deu resposta à Reportagem.

Em nota, a gestão Alberto Mourão diz cumprir a determinação do TCE, apesar de discordar dela, por entender que a discussão sobre pagar ou não uma taxa de manutenção para OSs - um dos apontamentos do órgão - ainda está em aberto em todo o Estado.

“Não há uma irregularidade ou desvio de recurso público, mas sim uma discussão de posições”, defendeu a Prefeitura, prometendo que, assim que o TCE liberar, fará o repasse da grana devida à Fundação do ABC.