Alta da violência faz disparar a procura por equipamentos eletrônicos de segurança

Atualizado em 26/11/2017 - 12:14
A Tribuna / Santos

A escalada da violência faz disparar a procura por equipamentos eletrônicos de segurança na Baixada Santista. Lojas do segmento têm registrado aumento de 15% a 20% nas vendas de sistemas para reduzir a sensação de insegurança nos condomínios, lares e comércios. O mercado aposta em novidades tecnológicas para continuar se descolando da crise. 

De modo informal, os investimentos particulares aumentam o cerco eletrônico adotado por prefeituras, com câmeras de alta resolução, e ajudam a elucidar crimes. “Nossos estudos indicam que a sensação de insegurança é o principal fator para a adoção de equipamentos de proteção patrimonial”, diz Marcel Souza, dono da Maretech, empresa local especializada em segurança privada. 

Um exemplo de ação popular são os moradores das vilas Valença e Fátima, em São Vicente, que custearam a instalação de aparelhos numa tentativa de frear a ousadia de criminosos. Jardim Casqueiro, em Cubatão, e Vila Antártica, em Praia Grande, promoveram iniciativas semelhantes.

Porém, só a instalação de aparelhos não evita crimes. Por ter sido alvo frequente de roubos, a funcionária pública Sandra da Silva desistiu de manter aberta sua antiga loja de roupas, na Vila Antártica, em Praia Grande. Nem mesmo as câmeras de segurança foram capazes de inibir a prática, mas ajudaram na elaboração de provas processuais.

Insegurança cresce

A insegurança não se limita à impressão. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que dois em cada cinco brasileiros tiveram algum caso de furto, assalto ou agressão na família ou com alguém muito próximo.

Ainda: 75% dos entrevistados afirmaram ter despesas com segurança, como contratação de seguro ou compra de aparato tecnológico. A coleta de dados ocorreu entre abril de 2016 e março passado. “A procura por câmeras tem aumentado a cada dia. É uma solução mais barata e que se mostra eficaz”, diz a gerente da WA Equipamentos Eletrônicos, Katia Fernandes Lima da Silva.

Segundo ela, equipamentos mais modernos permitem ver imagens por celular. E há modelos para quase todos os bolsos. Aparelhos importados são vendidos a partir de R$ 79,90. “Um conjunto simples, com quatro câmeras, pode sair por R$ 1,5 mil, já instalado”.

Franca expansão

O setor de segurança privada tem registrado bons resultados na última década. Neste ano, soluções digitais já movimentaram R$ 4,33 bilhões, diz a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Em relação a 2010, subiu 34%. Para o ano que vem, a Associação das Indústrias de Segurança (SIA Brasil) projeta aumento de até 10%. 

Marcel Souza diz que a procura cresce também na automatização de acessos a condomínios e empresas. “As câmeras ainda são o carro-chefe. Mas cercas elétricas e infravermelho têm boas saídas”.

Segundo Souza, prédios têm optado por segurança monitorada pelos próprios condôminos, que pode reduzir em até 30% o custeio com a folha de pagamento. Também se buscam soluções por detecção de incêndio, iluminação de emergência e alarmes sonoros.

O gerente administrativo da Patrol, Eduardo Akras, diz ser grande a procura de mão de obra especializada para segurança em portarias residenciais e comerciais. “Além de colaboradores treinados e capacitados, há a redução de encargos sociais com terceirização”.

Indústria gasta R$ 27 bi em proteção

A indústria também está em alerta. Ao menos uma em cada três fábricas brasileiras foi alvo de roubo, furto ou vandalismo no ano passado. Pesquisa da CNI aponta que esses crimes geraram, em 2016, gastos com segurança privada de R$ 27,1 bilhões.

Segundo o gerente-executivo de pesquisas da entidade, Renato da Fonseca, a insegurança prejudica a produtividade dos trabalhadores e arrisca investimentos, pois parte dos recursos para modernização do maquinário é voltada para a segurança.

Conforme a publicação, 53% das empresas vítimas da violência calculam que os crimes afetam 0,5% do faturamento. Apenas no ano passado, os delitos causaram prejuízo de R$ 5,8 bilhões, segundo projeções feitas com 2.952 indústrias. Mais: 55% das empresas afirmaram ter adotado ou ampliado serviços de segurança privada.

A percepção empresarial é de que os crimes aumentaram nos últimos três anos. “Cerca de 98% da segurança particular no País são voltados para atividades industriais, comércio e serviços”, diz o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado (Sesvesp), João Eliezer Palhuca. No ano passado, as cerca de 3 mil empresas do setor faturaram um pouco mais de R$ 34 bilhões.

Dados oficiais

Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) afirma ter aplicado R$ 18 milhões neste ano no custeio das unidades da Polícia Civil da região. 

“O trabalho contínuo das polícias permitiu a redução em 41,2% no número de homicídios na Baixada Santista ao longo dos últimos dez anos”, diz. Há 8,36 assassinatos por 100 mil habitantes.