03/01/2018 07h16 Atualizado há 5 horas
fonte: G1 Santos
A namorada de um jovem envolvido em uma briga generalizada dentro do elevador de um prédio em Praia Grande, no litoral de São Paulo, afirma que o projétil que atingiu um guarda municipal caído no chão durante a confusão foi disparado por outro guarda, que estava do lado de fora do equipamento. Segundo a mulher, após a confusão ela foi 'torturada' e 'agredida' por um dos guardas. O caso é investigado pela Polícia Civil da cidade.
A briga foi registrada pelas câmeras de monitoramento do edifício, localizado na Rua Monteiro Lobato, no bairro Ocian, no domingo (31). Inicialmente, o guarda ferido, de 34 anos, informou à polícia que o disparo foi efetuado pelo jovem, um turista de 21 anos, de Jundiaí, interior paulista, que o desarmou e também apontou a arma aos demais para contê-los.
"A confusão aconteceu porque meu namorado vestia uma blusa com a estampa de um palhaço. Os guardas estavam bêbados e ficaram provocando, até a hora que eles saíram e ficaram segurando a porta. Nós os deixamos falando sozinhos e pedimos para soltar", conta a estudante de Direito, de 21 anos, que pede anonimato.
A figura do palhaço, estampada em roupas ou tatuada, é considerada informalmente no meio policial e da criminalidade com um símbolo de 'matadores de policiais'.
A briga envolve três guardas municipais, dois deles trabalham em Praia Grande e outro em Santos, e o turista é comerciante. "Meu namorado pegou a arma de um deles para se defender, mas não disparou. O tiro que é disparado vem de fora do elevador e foi feito pelo outro guarda".
Nas imagens, é possível notar quando o projétil disparado atinge a lateral do elevador e depois o espelho. "Aí, a bala ricocheteia e atinge a perna do guarda que estava no chão e foi desarmado. Dali, conseguimos sair para outro andar", conta a jovem, que também possui um apartamento no mesmo condomínio.
Enquanto todos aguardavam a chegada da polícia, ela afirma que ficou trancada no apartamento de um dos envolvidos na confusão. "Eles nos obrigaram a ir até lá. Eu fui torturada por 15 minutos. Mantiveram uma arma na minha cabeça e me bateram. Fiquei com o olho roxo e tive vários hematomas pelo corpo".
O caso mobilizou diversas equipes da Polícia Militar, que levou os envolvidos à Delegacia Sede da cidade. As armas dos guardas municipais foram apreendidas para perícia. Todos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de praxe e residual de pólvora nas mãos.
Por meio de nota, as prefeituras de Santos e Praia Grande informaram que as armas não são das respectivas corporações, mas que os guardas envolvidos possuem autorização judicial para porte de arma fora do expediente. Ambas as administrações, entretanto, informaram que vão apurar administrativamente a conduta dos servidores.
O caso
No vídeo, é possível notar que quatro homens participaram da confusão. As imagens mostram o turista junto com uma jovem e dois homens dentro do elevador. Em dado momento, os dois homens saem do equipamento e se encontram com um grupo de pessoas. Os que estão do lado de fora impedem a porta de fechar diversas vezes.
Os dois homens que haviam saído do elevador partem para cima do turista, depois outro rapaz se une a eles. O jovem, por sua vez, troca socos com o trio. Instantes depois, uma arma aparece nas mãos do turista, e um guarda municipal acaba no chão do elevador. O tiro é disparado do lado de fora do equipamento.
Os demais vão embora, e a porta do elevador fecha, com o turista, ainda com a arma na mão, a namorada e o guarda municipal dentro. O servidor público também é alvo de chutes. Em seguida, a gravação acaba mostrando que casal desce em outro andar.
O agente foi socorrido e encaminhado ao Hospital Irmã Dulce, para a retirada do projétil. Ele não corre risco de morte. O turista acabou detido inicialmente, mas acabou liberado na delegacia, depois de constatado que não havia como comprovar que o tiro foi disparado por ele. O rapaz já tem passagem por tráfico drogas.